Curto-Circuito
O principal objetivo da análise de curto-circuito é o cálculo das correntes e tensões de falta para especificação de disjuntores, transformadores de corrente e a parametrização de relés de proteção. De 70 a 80% das faltas em linhas de transmissão são entre uma fase e terra, as quais ocorrem devido ao centelhamento de apenas uma fase da linha para a torre e então para a terra.O menor número de faltas, cerca de 5%, envolve todas as três fases, chamadas de faltas trifásicas. Os outros tipos de faltas envolvem duas fases e duas fases e a terra.
Todas essas falhas, exceto a trifásica, são assimétricas e causam desequilíbrio entre as fases.
Cálculo de Curto-Circuito no PSP-UFU
O primeiro estágio do cálculo de curto-circuito é a determinação das tensões pré-falta, das potências de geração e cargas do sistema. Esses dados são obtidos por meio do estudo de fluxo de carga.
Atualmente, o PSP-UFU fornece resultado para os seguintes tipos de falta:
- Falta Trifásica (3F-T);
- Falta Fase-Terra (F-T);
- Falta Fase-Fase (F-F);
- Falta Fase-Fase-Terra (F-F-T).
Os modelos dos elementos elétricos que constituem um sistema de potência para o estudo de curto-circuito são semelhantes aos do fluxo de carga, apresentando algumas divergências para as faltas desbalanceadas (F-T, F-F e F-F-T).
As faltas que ocorrem com maior frequência em sistemas de potência são assimétricas. Como qualquer falta assimétrica provoca fluxo de corrente desequilibrada é necessário empregar o método das componentes simétricas. Esse método permite o estudo de sistemas balanceados em conjunto cargas desbalanceadas.
Execução do cálculo de curto-circuito no PSP-UFU
Existem duas formas de se calcular o curto-circuito no PSP-UFU:
- Falta: Calcula a falta inserida nas barras. Nesse tipo de cálculo é possível calcular faltas shunt nos barramentos balanceadas e desbalanceadas.
- Nível de curto-circuito: Calcula o nível de curto-circuito (falta trifásica) em todos barramentos do sistema.
Após a construção do diagrama unifilar no editor de potência, a execução do cálculo de curto-circuito é realizada no menu Simulação clicando no botão Falta. Para calcular o nível de curto-circuito (falta trifásica) em todos barramentos do sistema, basta clicar no botão Nível de curto-circuito.
É possível calcular as faltas sem a execução do fluxo de carga, porém não é recomendável, visto que os valores das correntes de falta são significativamente alteradas.
Outra possibilidade é a execução por meio do cálculo contínuo, também presente no menu Simulação e seu acionamento é realizado co clicar no botão Habilitar solução. Com essa opção, os cálculos estáticos selecionados nas configurações de simulação são automaticamente realizados ao modificar quaisquer parâmetros da rede, como dados elétricos e acionamento dos disjuntores dos elementos (remoção ou inserção).
Os cálculos de curtos-circuitos não são habilitados por padrão no cálculo contínuo e devem ser inseridos nas configurações de simulação.
Os resultados do cálculo de curto-circuito são exibidos nos elementos de texto vinculado, ao posicionar o mouse sobre os barramentos e em relatórios tabulares.
Erros comuns na execução do cálculo de curto-circuito
A seguir são apresentados os erros mais comuns relacionados ao calculo de curto-circuito.
A seguinte mensagem de erro é exibida: "Falha ao inverter a matriz admitância de sequência zero"
- Impossibilidade de circulação da corrente de sequência zero. Caso o gerador não seja aterrado, não circulará corrente de sequência zero por ele. Nesse caso, dependendo da conexão do transformador próximo ao gerador sem aterramento, a matriz admitância de sequência zero é singular. Para contornar esse problema escolha uma das duas soluções abaixo:
- Marque a opção "Neutro aterrado" e insira um alto valor de reatância de aterramento (, por exemplo);
- Ou, na barra do gerador, insira um reator de baixo valor de potência reativa (, por exemplo).
O cálculo de curto-circuito
Como já foi apresentado anteriormente, as faltas que ocorrem com maior frequência em sistemas de potência são assimétricas. Como qualquer falta assimétrica provoca fluxo de corrente desequilibrada é necessário empregar o método das componentes simétricas. Esse método permite o estudo de sistemas balanceados com cargas desbalanceadas.
Método das componentes simétricas
Esse método proposto por C. L. Fortescue, permite definir um sistema de n fasores desbalanceados em n – 1 sistemas de n fases balanceados e um sistema de fase zero. O sistema de fase zero é definido por todas as fases de mesmo módulo e ângulo. Para um sistema trifásico pode-se definir três componentes de sequência:
- Componentes de sequência positiva, constituindo em três fasores iguais em módulo, 120º defasados entre si, e tendo a mesma sequência de fase que os fasores originais;
- Componentes de sequência negativa, constituindo em três fasores iguais em módulo, 120º defasados entre si, e tendo a sequência de fase oposta à dos fasores originais.
- Componentes de sequência zero, constituindo em três fasores iguais em módulo e com defasagem nula entre si.
Com isso pode-se decompor as tensões de fase em componentes simétricas pelas seguintes equações:
A figura abaixo apresenta um exemplo de componentes simétricas e sua soma para obter os fasores desequilibrados.
Para simplificar os cálculos adota-se um operador “”, com o intuito de indicar a rotação de um fasor. Tal operador é um número complexo de módulo unitário e ângulo de 120º:
Com isso pode-se utilizar as equações (de tensão apresentadas em conjunto com o operador “” para construir a seguinte equação matricial:
Considerando a matriz quadrada da equação anterior sendo , pode-se encontrar as componentes simétricas pré-multiplicando ambos os lados dessa mesma equação por .
Da mesma forma que no estudo de fluxo de carga, a representação dos elementos do sistema para o estudo de curto-circuito é realizada por meio de circuitos equivalentes inseridos na matriz admitância de barras. Nas faltas assimétricas (F-T, F-F e F-F-T) é necessário formar três matrizes admitância de sequência: positiva, negativa e zero.
As informações a respeito das particularidades dos modelos para o estudo de curto-circuito são apresentados individualmente nos elementos de potência.
Equações do curto-circuito
Primeiramente será tratado o equacionamento para faltas balanceadas e então os estudos serão estendidos para as faltas desbalanceadas por meio da utilização do método das componentes simétricas.
Faltas balanceadas
Utiliza-se da matriz impedância de barras para o cálculo de curto-circuito, definida pela seguinte equação matricial:
Em que:
- é a inversa da matriz admitância de barras, chamada de matriz impedância de barras.
Por meio da expansão da equação anterior é possível calcular a corrente de falta trifásica na barra genérica :
Em que:
- é a corrente de falta trifásica na barra
- é a tensão pré-falta na barra
- é a impedância equivalente de Thevenin vista pela barra , retirada da matriz impedância
- é a impedância de falta
Faltas desbalanceadas
O desenvolvimento das equações do cálculo de curto-circuito para faltas desbalanceadas é realizado seguindo o seguinte procedimento:
- Definir os diagramas no ponto da falta, mostrando as conexões de todas fases para a falta. Assume-se que apenas impedâncias balanceadas estão presentes em ambos os lados do ponto da falta e o equivalente Thevenin até esse ponto é conhecido;
- Escrever as condições de contorno relacionando as tensões e corrente conhecidas para o tipo de falta estudada;
- Transformar as correntes e tensões do item 2 de a-b-c para o sistema de coordenadas 0-1-2;
- Encontrar a corrente do curto-circuito em estudo baseado no seguinte sistema de equações (para a fase A):
A tabela abaixo apresenta as equações para as faltas desbalanceadas após a execução do procedimento apresenteado:
Falta | Seq. Positiva () | Seq. Negativa () | Seq. Zero () |
---|---|---|---|
F-T | |||
F-F | |||
F-F-T |